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PSICOLARANJA

O lado paranóico da política

PSICOLARANJA

O lado paranóico da política

Definição de Hipocrisia = António José Seguro

Miguel Nunes Silva, 22.01.13

Desde há umas semanas o líder socialista vinha a dizer o seguinte:

 

"O Partido Socialista não está disponível e quero deixar um aviso ao primeiro-ministro: ele não tem mandato para fazer um corte desta natureza"


“o PS está disponível para debater a modernização do Estado, mas indisponível para ser cúmplice de um corte nas funções do Estado”

 

 

Hoje, fruto dos cortes já efectuados, da intenção de fazer mais, e da boa performance de Portugal nos mercados que AGORA e GRAÇAS A VÍTOR GASPAR permitiram uma baixa nos juros da dívida, a Troika consentiu em permitir a Portugal mais flexibilidade no pagamento da dívida.

 

"Ricardo Costa (Expresso) "Eu, que escrevi várias vezes que seria quase impossível que Portugal regressasse aos mercados em 2013, reconheço sem qualquer problema que com estas regras Portugal está em condições de o fazer. Mais relevante, a estratégia negocial de Vítor Gaspar foi a correcta, sobretudo nos prazos em que jogou as suas cartas. Sempre sem forçar e sempre a aproveitar a terra firme que outros, sobretudo a Irlanda, iam pisando.""

 

Revela hoje o Ministro Irlandês das Finanças Michael Noonan que "Vítor Gaspar, acertou em dezembro passado com o seu homólogo irlandês aguardarem pelo «momento oportuno» para reivindicar a extensão do prazo para pagar os empréstimos"

 

 

Até François Hollande - o pretenso arauto da anti-austeridade - se viu forçado a admitir que não só Portugal tinha implementado bem o ajustamento das medidas da Troika mas que tinha sido precisamente o desgoverno do passado que havia posto Portugal no buraco em que se encontra:

 

"Põe-me a questão de saber se a França poderia seguir o exemplo de Portugal... Não! Porque os níveis da dívida não são comparáveis, porque as situações económicas são diferentes... mas é porque queremos evitar chegar a essas soluções [de cortes nos salários, nas pensões...] que é preciso encarar o problema o mais rapidamente possível e o mais eficazmente possível"

 

E que têm Seguro e o PS a dizer?

 

"o PS teve razão no tempo certo", ao pedir mais tempo e mais dinheiro". Mas que grandessíssima cara de pau!!!

 

Como se tal flexibilização pudesse ter ocorrido sem os cortes que o PS criticou e prometeu inviabilizar!!!!!!!!!!

Nobel da Demagogia

Miguel Nunes Silva, 11.12.12
A cerimónia de atribuição do Nobel da Paz à União Europeia em Oslo foi o espelho da classe política Europeia e o reflexo não foi bonito.
Para um prémio atribuído a uma organização internacional, por mais soberania partilhada que a constitua, foi absolutamente ridículo ver todos os chefes de governo presentes para captar o prestígio por associação que a UE estava a receber. 

Dito isto, ao nível institucional o M.O. foi o mesmo de modo que ninguém sai incólume na fotografia de grupo ...e de grupo. Van Rompuy tornou aquilo que se queria como uma cerimónia solene num evento hilariante ao invocar Kennedy com o seu "Ich bin ein Europäer". Solidariedade com um ideal questionável tudo menos consensual não é propriamente o equivalente da Berlim da Guerra Fria...

O aproveitamento político foi óbvio e barato mas o mesmo também se deve dizer infelizmente, de quem faltou pois David Cameron não esteve presente por razões igualmente populistas.
É uma Europa de politiquices e não - como devia ser - uma de estadistas.
Passemos então ao mérito do prémio em si. Aquilo que justificou a atribuição do prémio à UE foram projectos Europeus como o EuropeAid ou a Iniciativa Europeia para a Democracia e Direitos Humanos. No entanto, ao contrário da tradição de promover estadistas que encetavam negociações de paz, estes projectos iniciados por lógicas politicamente correctas de despesa orçamental e fruto do consenso possível - virtude desse mesmo politicamente correcto - entre os estados-membro, também dão azo a um prémio menos merecido; não só a UE nunca foi capaz de pôr travão a uma guerra mas quando tentou - Bósnia, Kosovo - falhou pois as forças internacionais e os projectos de construção de estado continuam ad eternum presentes nos Balcãs - para não mencionar o que o conflito actual no Congo diz de todo o investimento Europeu e da ONU nos esforços de paz.
Assim, premeia-se quanto muito as boas intenções, mas não os resultados. Mas porque a atribuição do Nobel é também política, há um aspecto preocupante que convém salientar: nem sequer na Europa se concorda na definição de democracia e direitos humanos, e é prioridade da UE expandir tais definições opacas ao resto do mundo? A que preço? E se uma outra civilização quisesse promover os seus ideais na Europa? Aceitamo-lo-íamos? 
E que dizer do inevitável problema que a Europa levou séculos a chegar a estes ideais num canto do mundo muito peculiar? É sustentável promover tais valores excepcionais no resto do mundo?

Quem somos nós para dizer aos outros como viver?

VERGONHA

Miguel Nunes Silva, 14.11.12
Fazer greve, exigindo o fim da austeridade, é dar uma bofetada na cara dos desempregados e dos que não podem fazer greve em Portugal.
É rir na cara de quem trabalha meses a fio para elevar a imagem de Portugal no estrangeiro e distanciá-la da reputação manchada da Grécia, para ver tudo ir por água abaixo à conta da irresponsabilidade de alguns. É dar razão aqueles que falam em restringir o direito à greve invocando notório abuso. É apresentar-se como a cara da crítica supérflua e vazia dos que com keffiyeh ao pescoço reclamam mais dinheiro sem explicarem aonde o vão buscar.
O fim da austeridade é o fim do estado pois não haverá financiamento internacional ao país enquanto as despesas com o sector social do estado aumentarem insustentavelmente. 
Aqueles que se apresentam pelo rigor querem nada mais senão burlar os Portugueses com promessas de eficiência governativa: o 'rigor' é inimigo da austeridade porque o 'rigor' é inseparável do fanatismo socialista que se recusa a fazer cortes no sector social do estado mesmo que isso resulte na falência do mesmo.
O 'rigor' é hoje o equivalente do 'optimismo' da era Sócrates. É uma promessa falsa  e eleitoralista. Culpar Merkel, os políticos, os banqueiros, os privilegiados, etc é um bode expiatório destinado a burlar as pessoas; levá-las a depositarem esperança num sonho que apenas beneficia uma categoria de pessoas: a liderança política socialista. 
O que são afinal as 'políticas de crescimento' que a esquerda reclama? Para os burlões, estas políticas são mais despesismo da parte do estado. Ou seja repetir e agravar o desbarato de fundos públicos das últimas décadas, que estamos condenados a pagar durante décadas mais, a juros altíssimos.
Mas claro que é fácil reivindicar 'políticas de crescimento' com o dinheiro dos outros. E se os outros não quiserem arriscar o próprio dinheiro em Portugal, então a culpa não seria de Portugal mas dos outros obviamente.
Vejamos o resultado da austeridade em Portugal: exportações estão em alta apesar da carga fiscal pesadíssima e as famílias estão pela primeira vez desde há anos, a poupar dinheiro para o futuro. 
Mas é difícil e impopular defender políticas que introduzam responsabilidade e consciência cívica nos Portugueses. Daí a minha vergonha, vergonha por ver os burlões da esquerda representarem o país no exterior. Ver populistas mesquinhos infantilizarem os Portugueses e tratarem-nos como crianças ingénuas, crédulas, tolas e sem espírito crítico. Ver os propagandistas e demagogos darem a cara por um país que merece melhor, muito melhor...

A tal da 'Diplomacia Económica'...

Miguel Nunes Silva, 05.01.12

 

Esta quarta-feira foi a vez de Paulo Portas se revelar enquanto ministro do novo governo. Depois de Assunção Cristas foi a vez de o MNE vir a público tentar melhorar a imagem do governo com mais uma reforma inovadora e um Ministro dinâmico jovem e energético - aonde é que já vimos isto? Ah pois...

Pelo menos foi essa a intenção ao se criar uma oportunidade mediática com Portas e o corpo diplomático que obteve ampla difusão - em directo em vários canais de televisão por cabo.

 

Enquanto internacionalista residente, este Psicótico vê a responsabilidade de comentar o espectáculo como implícita. Mais importante ainda, vejo esta análise como a mim consignada porque durante a era Socrática fiz questão de comentar a actuação do governo em política externa e tenho agora que ser consequente com o meu percurso.

 

Infelizmente, por muito que eu gostasse de poder afirmar que uma nova era se apresenta na condução da política externa do nosso país, as minhas conclusões são na sua maioria negativas. No entanto, por muito que me custe observar os mesmos erros de sempre a serem cometidos (e custa, acreditem), posso pelo menos orgulhar-me de ser consequente com opiniões que tenho expressado ao longo dos anos.

 

O Ministro Portas fez um discurso longo em prol da diplomacia económica mas enganem-se aqueles que pretendam elogiar uma nova abordagem à diplomacia pois não só não é a diplomacia económica algo de novo - o termo já nos é transmitido bem gasto, pelos sectores económicos Americano e asiático - mas não é tão pouco algo de novo em Portugal. Os governos Sócrates sempre pugnaram pela abordagem económica à política externa e só quem não recorda os périplos de Sócrates e Amado pelo mundo Árabe, pela América Latina e pela China é que poderia sequer sonhar em atribuir a Portas e ao XIX Governo Constitucional o mérito do conceito.

 

Pois bem, nenhuma novidade mas se o conceito é bom aonde está motivo para crítica? O conceito é desde logo problemático porque eu comento de acordo com uma perspectiva política e o termo é técnico. Há uma grande diferença entre diplomacia e política externa: a primeira é táctica e técnica, a segunda é (ou deveria ser) estratégica e política. Mas deixando a semântica de lado, o problema que se põe de imediato é saber qual a estratégia por detrás desta política e a minha análise é negativa sobretudo devido ao facto de o discurso do governo não ter deixado antever qualquer estratégia - muito pelo contrário, parece não querer dar importância à necessidade de uma.

A intenção é simples: fazer negócio o mais possível. Mas o Estado Português não é uma empresa, é uma entidade política. Não sou contra abrir oportunidades ao empreendedorismo e facilitá-lo mas essa é a função do Ministério da Economia. Os diplomatas Portugueses podem ajudar mas não são treinados (nem devem) para ser gestores.

Passo a explicar: que aconteceria se empresas Chinesas e Americanas estivessem ambas interessadas na aquisição da EDP? Aparentemente, de acordo com o paradigma aestratégico do governo, o critério seria 'first come, first served'. Ora isto é ausência de visão. Isto é imediatismo irresponsável e desprezo para com o interesse nacional - o qual é intrinsecamente de longo prazo. Isto é diplomacia de manga de vento pois significa governar ao sabor do vento.

 

Um dos pontos que foi corajosa e orgulhosamente avançado foi o de que a avaliação das missões diplomáticas de Portugal seria agora regido pelo critério das relações comerciais. Uma vez mais isto revela a total ausência de visão ou planeamento estratégico pois vejamos o exemplo do massacre de Santa Cruz: se fosse hoje, Portugal não se bateria pela independência de Timor-leste pois o volume de negócios com a Indonésia é e será sempre superior ao das trocas comerciais com o pequeno Timor.

 

Tudo isto resulta claro da falta de um Conceito Estratégico Nacional. Claro que quando se decide ser escravo da narrativa politicamente correcta de fim-de-História demo-liberal, percebe-se que haja alguma ...'hesitação' em definir ameaças, imperativos estratégicos e critérios de política externa; é chato fazer escolhas pois escolhas implicam decisões, decisões implicam riscos e tomar riscos exige coragem. É tão mais confortável andar ao sabor da maré e esperar pelo melhor...

Mas a outra principal razão não é estrutural e sim de liderança: como avisei ao longo dos últimos anos, o percurso de alguns dos líderes deste governo nunca me inspirou esperança em ver grandes estadistas dali emergir. Detesto dizê-lo mas ...'eu avisei'.

 

Confesso que durante algum tempo mantive alguma esperança de que este governo pudesse ser diferente quando ao apresentar os seus planos de governo decidiu pôr o vector da Lusofonia à frente de o do Atlantismo e de o da Europa. Gostaria que quem quer que seja que tenha sido pro-activo o suficiente para argumentar a favor de uma hierarquia estratégica diferente para a nossa política externa, fosse agora coerentemente mantido à frente de uma reforma do MNE. Gostaria...

Manifesto Anti "Comunicadores"

Miguel Nunes Silva, 03.10.09

Muitos há que depois da derrota de Manuela Ferreira Leite nas legislativas do passado Setembro, defendem que ainda que a "mensagem estivesse correcta" a sua "comunicação" ao público Português falhou.

 

 

Não é preciso no entanto, falar no presente. Desde há muitos anos que muitos quadros social-democratas seguem embevecidos a ascenção política de Paulo Portas, admirando as suas capacidades de "comunicação".

Muitos há que defendem que no PSD, Portas há muito que teria chegado a PM.

Esses muitos porém, preferem esquecer-se do custo dos dons de oratória e retórica combinados com a dose certa de demagogia.

 

Por um lado a liderança carismática e unipessoal levou ao exílio de vários dissidentes (PND, desfiliações recentes) e por outro, o CDS é incapaz de substituir Portas e dele se encontra dependente.

Finalmente e mais importante, é fácil para Portas subir nas intenções de voto, defendendo baixas generalizadas de impostos, pulso firme na justiça e demais promessas estéreis.

 

O custo de recorrer a demagogos é a dependência política e o desgoverno irresponsável que deles decorre. É o cair nas políticas-projecto, no deslumbramento e megalomanias.

 

Não aos comunicadores!

 

Não aos populistas!

 

 

Que os Portugueses se libertem do seu reflexo pavloviano de bater palminhas a quem quer que lhes balance uma bugiganga brilhante à frente dos olhos.

 

Que os Portugueses se libertem do sebastianismo e imaturidade cívica que os impediu de escolher o possível em detrimento do sonho no passado dia 27 de Setembro.