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PSICOLARANJA

O lado paranóico da política

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O lado paranóico da política

A Envergonhada Neutralidade

Miguel Nunes Silva, 25.09.10

 

O governo e a oposição têm que se entender e têm que o fazer rapidamente.

 

 

 

Como Português e como apoiante do PSD no entanto, não posso deixar de notar que muitos dos intervenientes que a público vêm opinar, o fazem sempre com um certo distanciamento que passa como objectividade, mas não é. Vêm a público falar da necessidade de 'resolver os problemas do país', sempre sem irem ao busílis e admitirem os gravosos erros do governo na matéria. Cavaco Silva, Jorge Sampaio, a liderança do PS e mesmo Passos Coelho, todos têm - apesar dos seus atributos e conquistas - a mácula de num momento ou outro terem colaborado com José Sócrates mais do que necessário, mais do que requerido pelo quadro institucional. Não vou entrar em pormenores porque estes são conhecimento público.

 

A verdade é que agora temos uma crise profunda alicerçada na irresponsabilidade que os entendimentos pontuais e auxílios circunstanciais com Sócrates acabaram por incentivar. José Sócrates não foi um líder que subiu a pulso, não foi um intelectual que tivesse sido proposto para liderar pelos seus atributos superiores, não, ele é sim um animal político para quem qualquer jogo circunstancial e respectivas manobras políticas de bastidores são o oxigénio do qual ele se alimenta. Infelizmente para as personalidades que eu já citei, ninguém foi capaz de antever - ou não foi capaz de se importar - com as consequências de beneficiar e facilitar a ascenção de alguém sem sentido de estado, para o cargo mais importante na gestão do país.

 

Peço apenas que tenham isto em mente quando finalmente sentarem governo e oposição sob o mesmo tecto na discussão do orçamento. Isto porque todos já sabemos que a queda deste PM está fora de causa devido à crise - entre outros motivos...

Como Libertar o Futuro: (I)

Miguel Nunes Silva, 11.03.10

 

 

Correndo o risco de soar sensaborão, pela primeira vez desde há muito tempo, vejo luz ao fim do túnel.

 

 

Durante anos, ouvimos e lemos sobre os erros que se cometiam por parte do governo e sobre as melhores soluções para os evitar ou corrigir. No entanto, para aqueles que desde há muito reclamavam a educação como prioridade estratégica, o futuro não se adivinhava brilhante.

 

Nenhum governo se compromete com a educação, nenhum governo faz da educação a sua plataforma política e nenhum governo arrisca reformas profundas. Porquê? Porque qualquer reforma da educação é demasiado cara em termos de capital político e a produzir resultados, estes apenas são visíveis a longo prazo, geralmente numa geração, ou seja 25 anos.

 

Uma das desvantagens da democracia é precisamente o pensamento a curto prazo e o sacrifício da visão estratégica em favor da perspectiva táctica.

 

A educação é o sector mais importante a reformar porque é o único que nos permite corrigir os erros do passado nas gerações vindouras, i.e. introduz empirismo na governação das sociedades.

 

A década e meia de Guterrismo-Socratismo fez duas grandes promessas: a “terceira via” do socialismo liberal e o “choque tecnológico”. Mas ambas as promessas foram alicerçadas numa premissa falaciosa, a de que o governo e o poder central podem modernizar a sociedade, qualquer sociedade, de cima para baixo e sem dela dependerem.

 

Comecemos com as promessas: ou bem que é socialismo, ou bem que é liberalismo; não só um Partido Socialista não é o melhor partido para implementar reformas liberais, como o liberalismo não se coaduna com governações centralizadas/centralizantes ou com reformas top-down. Depois temos o choque tecnológico, uma vez mais inspirado pelos modelos escandinavos – sociedades com as quais Portugal tem pouco em comum – tal choque teria que vir da sociedade civil, pois não é possível revolucionar tecnologicamente quem não compreende a necessidade para tal. Talvez uma primeira antevisao deste delírio socialista – termo aqui empregue com toda a sua carga pejorativa – tenham sido os computadores distribuídos aos agricultores na era Guterrista, com a intenção de modernizar a agricultura, e que acabaram a servir de plataformas lúdicas para as respectivas proles.

 

Esta premissa impede a esquerda de ver que o planeamento central se encontra dependente da sociedade na qual se propõe introduzir mudanças, que não há fórmulas universais de governação e que querer modernizar uma sociedade numa legislatura é um sonho tão dissociado da realidade, que apenas a propaganda pode disfarçar o artificialismo de uma visão de tão curto prazo.

 

A esperança reside agora numa confluência de circunstâncias que podem favorecer reformas educativas a longo prazo.

 

Depois de mais de uma década fora do poder, as fileiras do PSD estão repletas de quadros capazes e desejosos de implementar mudanças no país. Existem pessoas à altura de liderar um partido como o PSD – e consequentemente de ascenderem a PM – e encontramos igual excelência nas personalidades presidenciáveis. Por outras palavras, as hipóteses de virmos a ter um governo e uma presidência de direita são boas e a sustentabilidade governativa do PSD poderá dar azo às muito reclamadas reformas na educação.

 

Alegre?! Alegre. Alegre ...

Miguel Nunes Silva, 18.01.10

 

 

Que Manuel Alegre será o mais forte rival de Cavaco Silva nas próximas eleições já é bem claro. Mas é de pasmar que ninguém inquira o porquê...

 

O que oferece Alegre ao país? Já governou ele alguma coisa? Sabemos que foi deputado e militante mas experiência de governação? Nenhuma... Nem uma secretariazita de estado? Nada...

Edita algumas publicações no seu tempo e pouco mais embora a sua biografia oficial refira que "(...) participa esporadicamente no I Governo Constitucional de Mário Soares (...)", algo notável para alguém que nunca foi capaz de acabar a licenciatura...

 

É de louvar que a sociedade civil promova candidaturas de fora do mundo político mas se a experiência de trabalho é exigida a todos os recentes licenciados (que em muitos casos apenas a podem adquirir com estágios ou trabalhos não remunerados) porque não aos candidatos? 

Ora, para além dos seus dotes literários e da sua vida de militante, que tem ele a oferecer ao Portugueses? Poderíamos dar o benefício da dúvida, até porque as melhores ideias podem vir das pessoas e áreas mais insuspeitas, mas na verdade Alegre não tem uma única proposta concreta.

 

Sempre que procedemos ao exercício de conceber uma presidência Alegre, vemos as nuvens negras a avançarem no horizonte:

 

Alegre diz que se quer opor ao "bloco conservador" e que a direita quer monopolizar o poder executivo mas na verdade Alegre concretizaria isto mesmo para o PS (nem sequer para a esquerda), já para nem falar que um Presidente deve falar pelo Estado e por todos os cidadãos e não apenas pelos que não são "conservadores". Mas será que o Sr. Candidato não percebe que se está a assumir como tendencioso?

 

Nunca é bom sinal quando alguém se apresenta como contraposição mas que tem Alegre a oferecer de positivo? Oferece "(...) uma alternativa, de esquerda, mas também daqueles que não se conformam e que querem ver renascer a esperança em Portugal". 

 

Não é concebível proposta mais estéril e demagogicamente barata mas adiante, que tem ele a dizer da principal bandeira da actual Presidência - a economia?

"(...) citou Jorge Sampaio para dizer que há mais vida para além do orçamento".

 

Ou seja, em oposição ao programa de Cavaco de "cooperação estratégica" com o governo, e de vigilância e supervisão sensata a potenciais erros do executivo - Estatuto dos Açores, endividamento nacional - Alegre adivinha-se como um Presidente belicoso, qual elefante na loja de porcelana da política Portuguesa, sem sequer tendo a consciência de que o próprio Sampaio - tarde e a más horas - veio alertar para o problema da dívida, como que à procura de redenção.

 

Se um Sampaio indolente deixou o despesismo guterrista levar o país para o pântano, então que podemos esperar de alguém que numa altura em que o Estado Português bate recordes de endividamento, e na mesma semana em que as agências de rating penalizam Portugal, decide re-anunciar aos Portugueses que há vida para além do défice?...

 

Seria difícil que alguém que conta com o apoio do Bloco de Esquerda tivesse a mínima credibilidade mas mesmo depois de dado o benefício da dúvida a única conclusão a tirar é que Alegre não é nem nunca será ..."presidenciável".

A Ética Católica e o Desequilíbrio Normativo

Miguel Nunes Silva, 28.11.09

 

Há algum tempo atrás, vi uma palestra de Ayn Rand, proferida nos anos 60, em que ela explicava a dicotomia Capitalismo Comunismo ironizando que a “moral mística do altruísmo” é nefasta não só para a economia mas também para as liberdades individuais.

 

A ideia que Rand tenta fazer passar é que a moralidade não é um bom guia para a economia, que é uma ciência. A economia é amoral e enquanto ciência tenta apenas optimizar a produção, distribuição e consumo de bens e serviços. Nada impede que façamos o nosso melhor para ajudar os demais na nossa vida privada mas sacrificarmos a nossa performance económica em nome de princípios metafísicos é derradeiramente contra-producente para todos.

 

Nos países protestantes, a ética e a moral incutem isto mesmo na sociedade e o equilíbrio entre meritocracia e solidariedade é deixado ao governo bem como às IPSS.

 

 

O problema dos países de ética católica está em que existe um claro desequilíbrio filosófico pois tanto o governo como a sociedade professam o altruísmo moralizador. A doutrina social da Igreja inocula-o há milénios e o socialismo moderno pratica-o no executivo.

 

A consequência directa deste facto é que os valores levam a uma desresponsabilização geral da sociedade. Em Portugal não há condenados em grandes processos judiciais porque o direito português é excessivamente garantista. Também as carreiras políticas são longas já que todos têm direito a uma segunda oportunidade. Finalmente, a competitividade é fraca porque o empreendedorismo e o risco são vistos com maus olhos e como tal as universidades produzem empregados em vez de investidores, o processo legislativo produz rigidez (para protecção) laboral em vez de flexibilidade de mercado (leia-se investimento).

A quintessência deste desequilíbrio é o Partido Socialista. O partido que lutou pelas liberdades cívicas contra o Estado Novo e em cujos ideais a actual constituição mais se inspirou. O partido que se bate pelas causas progressivas mas cujos líderes são católicos. O partido que promete o modelo económico sueco mas cujos militantes privam com Chavez e Castro.

 

Na verdade, o socialismo é forte em países latinos precisamente porque a ética social deriva da matriz cristã-católica que prolonga valores medievais como a nobreza ou o auto-sacrifício em prol do colectivo.

 

A mentalidade cívica é incipiente no nosso país que em vez de pragmaticamente escolher o menor dos males na urna, prefere esperar pelo estadista carismático providencial, abstendo-se ou votando em branco. Ela é incipiente pois sistematicamente escolhe o sonho dos “Estados Gerais” ou do “Choque Tecnológico” – na vertente do “New Deal”, “Great Society” ou “New Frontier” – em detrimento da realidade.

 

Manuela Ferreira Leite disse “Prometemos apenas aquilo que sabemos poder cumprir”, Cavaco que “Portugal não pode continuar (…) a endividar-se (…) ao ritmo dos últimos anos”. No lado do PS, Jorge Sampaio afirmou que havia vida para além do défice e Sócrates que tínhamos que ser positivos.

 

O PSD falava para os cidadãos responsáveis, o PS falou para os Portugueses…

 

Diferença visivel

Rui Cepeda, 22.11.09

 

 "O Presidente da República não pode falar em público sobre processos criminais em curso e os portugueses devem entendê-lo, afirmou hoje Cavaco Silva, recusando pronunciar-se sobre o processo "Face Oculta".

 

Após dois ministros terem-se pronunciado sobre o caso, o Presidente marcou uma visível diferença de atitude relativa á Face Oculta.

 

Cavaco Silva mantém-se assim á parte de um dos principais temas da actualidade e prossegue com atitude low profile, com intervenções criteriosas, discursos com mensagens e preocupações claras mas com pouca repercussão entre a restante classe politica e os cidadãos em geral.

 

Não há muitas diferenças entre o Presidente da Republica e o Cavaco Silva de há uns anos, retirado da vida politica activa.

 

Será que os Portugueses não se sentem orfãos de Presidente?

 

 

Cavaco sub-zero

nunodc, 19.10.09

 

Cavaco Silva abriu um precende histórico, com a actuação de um Presidente da República a ser, pela 1ª vez desde o 25 de Abril, avaliada negativamente pelos portugueses. 

42.4% dos inquiridos afirmam que o PR tem actuado mal sobre o caso das escutas, contra 15.9% a dizer que nem bem nem mal, e apenas 35,5% a considerar que tem actuado da melhor forma.

De 0 a 20, Cavaco foi avaliado com um 9.6, quando a sua nota mais baixa foi 14.5 (em Outubro do passado ano).

Deverá o PSD pensar num outro candidato para as presidenciais de 2011..?


(só como um pequeno aparte, a avaliação dos líderes partidários: Paulo Portas - 12,3. José - 12,1. Jerónimo de Sousa - 11,5. Francisco Louçã - 11,4. Manuela Ferreira Leite - 6!)