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PSICOLARANJA

O lado paranóico da política

PSICOLARANJA

O lado paranóico da política

Portugal SA

jfd, 20.04.11

Recentemente tive a oportunidade de postar no Delito de Opinião convidado pelo Pedro Correia.

Foi este o resultado que agora aqui partilho; 

 

John Chambers, um dos mais respeitados CEO’s em Wall Street, da Cisco, recentemente surpreendeu os stakeholders ao enviar um email para todos os trabalhadores contendo uma sincera mensagem de avaliação do estado da empresa. Em conjunto com a visão fresca de um novo chefe de operações, este chefe executivo e presidente, munido de uma cultura de liderança que não procura sintomas mas sim soluções para desafios e que alimenta o que é saudável curando o que não o é, dispôs-se a alistar sem preconceitos os pontos fortes e oportunidades de melhoria da empresa.

É surpreendente quando alguém nesta posição torna tão clara e pública a sua fotografia do momento. Sem receio e com a convicção de que passos destes são necessários tendo em conta um processo de alteração para um futuro mais ágil e proveitoso para a Cisco.

Ele começa por analisar os clientes. Eles acreditam nos empregados da Cisco. Se eu analisar o povo português, como estará a sua fé em que nos governa? Terão tanta paixão no seu trabalho como demonstram os trabalhadores da Cisco? Depois procurou auscultar os trabalhadores; estão satisfeitos com os valores, cultura e visão da empresa. Pergunto-me se a explosão da emigração, as manifestações recorrentes e as estranhas sondagens serão prova cabal do descontentamento do povo português

A Cisco tem sido disruptiva, tem antecipado tendências e está forte em segmentos chave. E nós? Como estamos? Temos a cortiça, temos a Ydreams, temos a Bial, a Logoplaste, a Autoeuropa, temos o ressurgimento de alguma indústria, somos demasiado terciários, complacentes e de uma inércia pouco dada a grandes aventuras que envergonharão os nossos antepassados navegadores.

O CEO da Cisco diz que a companhia precisa de mais disciplina. Portugal só agora parece ter de facto aberto os olhos para a real necessidade de disciplina económica e financeira. A Cisco tem uma estratégia clara. Quer ser the player no que toca à colaboração e dominar a nuvem à escala global. Eu tenho a sorte de fazer parte do projecto que vai trazer a parte que nos toca e é realmente revolucionário. E Portugal? Qual é a sua estratégia? Qual é o seu posicionamento? O que quer mudar? Que marca quer deixar? Os seus activos humanos são reconhecidos pelo mundo fora como inventivos, trabalhadores e bem formados. O que se passará dentro de suas fronteiras? O que fazer para aumentar a produtividade? Como diferenciar pela positiva? Como sobreviver na próxima década?

A Cisco tem estratégia. É vencedora e bem em linha com o que se lhe envolve. Mas têm sido lentos a tomar decisões, têm tido surpresas que não deveriam ter, e perderam o posicionamento junto dos clientes no que toca à boa execução. Nós também, além de muito mais. Mas aparentemente como estratégia apenas tínhamos o TGV, o Aeroporto, a nova ponte e pouco mais. É triste que de nada de verdadeiramente estruturante me possa recordar.

 

 

A Cisco, humildemente, assume que desapontou os seus empregados e os seus accionistas. Em Portugal ninguém é culpado de nada. Em Portugal, vergonha é ser correcto para com quem vota. Em Portugal quem pede desculpa é fraco.

 

A Cisco quer mudar:

- Não vão arranjar o que não está estragado

- Tomarão passos ambiciosos e decisões difíceis

- Vão acelerar nos seus segmentos prioritários e competir para ganhar a liderança

- Vão tornar mais fácil para o cliente e parceiros trabalhar com a empresa.

Termina perguntando (e respondendo) O que quer você que seja a Cisco?

Ora Portugal também se pode guiar por princípios simples, clean e com objectivos claros. Podemo-nos demarcar de toda a confusão que isto sempre foi e elencar numa perspectiva de mudança estruturante e estruturada.

Podemos apostar no fim da batota. No fim da burocracia. No choque fiscal empresarial. Num posicionamento realmente diferenciador no que toca à tecnologia e activos humanos. Podemos criar legislação que pisque o olho a capital e empresas. Podemos ser sociais para com quem precisa. Podemos ser solidários. Podemos ser palco para inovação na ciência. Podemos usar o mar. Podemos aperfeiçoar na energia renovável.

Cada um de nós pode participar.

Afinal, o que queremos nós para Portugal?

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