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PSICOLARANJA

O lado paranóico da política

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O lado paranóico da política

Contra a corrente

Paulo Pinheiro, 21.01.11

 

 

Apesar do desinteresse generalizado a que temos assistido na campanha presidencial, muito devido à performance dos candidatos em campanha - que têm discutido tudo menos o essencial - e também ao crescente descrédito que a sociedade portuguesa deposita nos actores políticos (agravado pelas medidas de austeridade), entendo que as próximas eleições são bem mais importantes do que qualquer outra eleição presidencial vivida no nosso país, desde à 25 anos.

 

Porquê?

 

Desde 1987 que o eleitorado decidiu dar origem a quatro maiorias absolutas – duas ao PSD com Cavaco, outra ao PS com Sócrates e outra à coligação PSD/CDS com Durão Barroso - e duas quase maiorias absolutas – ambas ao PS com Guterres, em 1995 e em 1999 com 44%. Ou seja, ao contrário do que aconteceu nas eleições legislativas de 2009, desde a 25 anos que não havia um governo sem maioria absoluta ou com uma maioria parlamentar suficientemente estável.

 

Nos últimos 25 anos, devido à estabilidade parlamentar, o papel do Presidente da República tem sido redutor. O Presidente não deixa de ser uma grande figura de estado, respeitada, mas com eficácia limitada. Isto advém obviamente da nossa Constituição (ex: vide artigo 136.º n.º 2, não permitindo que haja duplo veto quando houver confirmação se houver maioria absoluta dos deputados).

 

Neste momento não há uma maioria parlamentar absoluta ou solidamente estável e atravessamos um dos maiores períodos de crise financeira que suscitou à implementação de medidas de austeridade, também elas muito impopulares. Esta instabilidade vai reforçar e centralizar as atenções no Presidente da República, pelo garante da estabilidade necessária ou mesmo, ela não existindo, que use em pleno os seus poderes.

 

Destes últimos 25 anos (depois de 20 anos com Presidentes da República como Mário Soares e Jorge Sampaio), apesar do clima vivido nesta campanha indiciar precisamente o contrário e de se adivinhar uma grande taxa de abstenção, a mais relevante eleição presidencial será no próximo domingo. Nunca foi tão necessário termos um Presidente que consiga ser o arauto e garante da estabilidade, responsabilidade e liderança que Portugal precisa.

 

Apesar de tudo o que tem acontecido, tendo em conta a responsabilidade da próxima decisão, é necessário desembaraçarmo-nos das correntes da desilusão...

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