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PSICOLARANJA

O lado paranóico da política

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O lado paranóico da política

E aí está Rangel...(II)

João Lemos Esteves, 31.01.10

 

Na sexta-feira, após ter publicado aqui o post sobre a candidatura de Rangel, este desmentiu o conteúdo da notícia veiculado pelo SOL. Alguém me perguntou mesmo se não teria sido precipitado na análise política aos comportamentos de Rangel e Aguiar-Branco nos últimos dias. Devo dizer que não só mantenho, como até reforço a tese que venho defendido: cada dia que passa, mais claro é que Rangel será o rosto da ala que não se revê em Passos Coelhos nas próximas directas.
Chamo a vossa atenção para a pergunta que suscitei no final do post anterior: será que a notícia do SOL é favorável a Rangel? - e não respondi de imediato para aguardar as reacções dos envolvidos e tirar as devidas conclusões.
A manchete do referido semanário, nos termos em que foi publicada (“ Durão convence Rangel a avançar”) , é altamente prejudicial a Rangel. No limite, poderia afastar qualquer cenário de candidatura do eurodeputado. Acabar com o sonho com que - acredito – Rangel acorda todos os dias. Percebe-se porquê: para defrontar Passos Coelho e ser uma alternativa credível para o partido, Rangel (ou, numa hipótese remota, outro) tem que surgir com uma dinâmica própria, um suplemento de alma mobilizador, um discurso truculento, mas sensato. Só assim se poderá vencer uma máquina montada e activa há dois anos : com um projecto e um perfil galvanizadores. Ora, a notícia de sexta-feira “cola” a candidatura de Rangel a Barroso. Rangel aparecia, desta forma, não como um líder capaz de promover a renovação, a adopção de um novo discurso e de uma nova estratégia para o país, mas sim como o rosto do passado ligeiramente mais novo. Esta imagem de Rangel como uma espécie de “seguro de vida política” de Barroso (que já pensa e se preocupa com as presidenciais de 2016), dá a sensação que só avançaria como líder de uma facção, de um grupo influente do partido. Seria entregar numa bandeja dourada a presidência do PSD a Passos Coelho.
Posto isto, se Rangel estivesse efectivamente interessado em concorrer, o que faria? Reagiria rapidamente para suavizar os efeitos negativos da manchete do semanarário (que têm sempre mais impacto do que as dos diários), demarcando-se da intriga e, não negando a sua pretensão de se candidatar à liderança do partido, afastando-se da intervenção de Barroso ou do seu núcleo próximo. Ou seja, reagiria como...acabou por reagir no próprio dia. A reacção de Rangel é de alguém que se prepara para avançar. Curiosamente, até Barroso veio, na sexta-feira, desmentir qualquer intromissão na vida interna do PSD. Mas não desmentem a candidatura – negam apenas a candidatura de Rangel com o apoio de Barroso...Para evitar a colagem. Negativa para os dois. Para Rangel, no imediato. Para Barroso, no futuro ainda mais ou menos longíquo (2016 já está no seu horizonte).
Caros amigos, Rangel está aí ...

A questão copo meio cheio ou meio vazio...

André S. Machado, 30.01.10

 

Eu sou dos que gosta de pensar que o copo está meio cheio, mas com toda a franqueza vou começando a vê-lo esvaziar... Abro os jornais e olho para um desemprego de dois dígitos; Na rádio ouço falar de falência nacional, na grécia e no défice histórico; Na televisão vejo imagens de significativas manifestações das mais variadas classes profissionais; Ligo-me à net e leio que o Conselho de Estado está convocado para debater a situação política nacional.

No meio de tudo isto, pergunto-me como aqui chegámos. Mais que isso questiono-me como os que nos conduziram até aqui ainda lá estão!

 

Não demoro muito a chegar a uma conclusão: Se é verdade que Sócrates e o PS simbolizam esta política falhada, também é inequívoco que algo falhou na oposição.

Sou do entendimento que Manuela Ferreira Leite prestou um serviço notável ao PSD e, sobretudo, ao país. A sua liderança política diferenciou-se pelo carácter, pelos princípios e pelas visões e propostas estratégicas acérrimamente defendidas. O reconhecimento do seu contributo tardará, mas certamente não faltará. "Depois de mim virá quem bem de mim dirá"... Sábias palavras, as do povo.

Todavia, e sem prejuízo para o notável resultado nas europeias e autárquicas, algo de errado se passa no PSD quando não é governo hoje, depois de um mandato falhado como foi o do PS.

 

Aqui chegados, aproximamo-nos de mais umas eleições para a liderança do partido e o muito que já foi escrito por estes lados só será ultrapassado pelo muito mais que se seguirá, tenho a certeza. Também aqui, infelizmente, começo a ver o copo meio vazio e a esvaziar...

Pela profunda admiração, consideração e estima que tenho pelo Prof. Marcelo Rebelo de Sousa não escondo que gostava de o ver entrar na corrida. Acho, muito francamente, que seria a pessoa mais bem colocada para agregar o partido. Contudo, também não escondo a minha desilusão face às "ponderações de ponderação" e à proposta da solução de unidade ou de candidatura única (num partido como o PSD uma candidatura única chegaria a ser, creio eu, mau sinal). Considero que uma candidatura do professor traria um interessante e útil debate para o seio do partido. Não se tendo concretizado fica esta nota, justificada pela visibilidade que teve todo o processo de "ponderações".

Quanto a Castanheira Barros pouco ou nada posso dizer. Não conheço o seu projecto político e nem sequer tive oportunidade de alguma vez o ouvir.

Pedro Passos Coelho é tema recorrente por estas bandas... Não gostei das suas atitudes durante as campanhas e acho que a lógica de oposição interna, em momento eleitoral crucial, foi um obstáculo significativo à afirmação da actual liderança. No entanto, não destilo o ódio que alguns cultivam perante a figura de Passos Coelho, antes reconheço-lhe a coerência, quanto mais não seja. Partilho, todavia, as reservas de muitos quanto à substância de uma imagem que, sem sombra de dúvidas, Passos conseguiu construir, com mérito.

Quanto a Aguiar-Branco ou Rangel não passam de possibilidades. Sobre estes remeto-me para a lúcida visão do Diogo Agostinho: Um líder é aquele que tem vontade de liderar e que assume a defesa da sua visão e do seu projecto político, independente e livre.

 

Porém, não é só uma questão de liderança que afecta o PSD de hoje. É antes uma questão de substância e de conteúdo programático ou ideológico, como queiram. É também uma questão de afirmação junto da população. É, no fundo, uma questão de identidade.

Claro está que a liderança está intimamente ligada a este desafio: Parte, sobretudo, do líder que surgirá das próximas directas reconstruir essa identidade e, mais importante, aproximar os militantes dessa mesma ideia.

 

O país precisa, hoje mais do que nunca, de uma oposição forte e credível: Uma oposição liderada por quem se assume como a verdadeira alternativa.

Eu continuo a acreditar no PSD e, em especial, nos seus militantes, meus companheiros. Acredito que o copo que hoje vejo meio vazio possa voltar a ver meio cheio. É esta a minha esperança.

Vontade...

Diogo Agostinho, 29.01.10

 

 António Sousa Franco por PSD - Partido Social Democrata José Menéres Pimentel por PSD - Partido Social Democrata Francisco Pinto Balsemão por PSD - Partido Social Democrata Nuno Rodrigues dos Santos por PSD - Partido Social Democrata

 

Carlos Mota Pinto por PSD - Partido Social Democrata Rui Machete por PSD - Partido Social Democrata Cavaco Silva por PSD - Partido Social Democrata Fernando Nogueira por PSD - Partido Social Democrata Marcelo Rebelo de Sousa por PSD - Partido Social Democrata

 

Durão Barroso por PSD - Partido Social Democrata Pedro Santana Lopes por PSD - Partido Social Democrata Luís Marques Mendes por PSD - Partido Social Democrata Luís Filipe Menezes por PSD - Partido Social Democrata Manuela Ferreira Leite por PSD - Partido Social Democrata

 

Estes foram os Presidentes do PPD/PSD, até ao momento. Encaro como atributos necessários para se candidatar a liderar o Partido mais português de Portugal, coragem e vontade. Nunca devemos ser empurrados, avançar em prol da vontade de outros para um cargo de tamanha importância. Um líder não é empurrado, um líder assume a sua vontade, o seu caminho e trilha o seu percurso. Sujeita-se ao debate, à discussão, ao contraditório, vai a votos.

 

Quem quiser ser o próximo líder do PSD, e atenção, que a Dra. Manuela Ferreira Leite ainda não assumiu se irá embora, ou se se irá recandidatar, deve avançar com as suas ideias para o País. Este momento é muito importante na política nacional. A incerteza de um Governo minoritário, a possibilidade de após eleições presidenciais, existiram eleições legislativas colocam no horizonte a necessidade de uma alternativa forte e DIFERENTE ao actual Governo. Pois, não teria dúvidas que hoje se o Governo caísse, voltaria a vencer e quem sabe se com maioria.

 

É por isso uma excelente oportunidade do PSD preparar o seu caminho. Não a prazo, mas um caminho de futuro. Quem quer liderar porque acredita que pode realmente mudar o país deve avançar. Sem cautelas, ponderações ou caldos de galinha. Avançar. Vir ao "Ringue" e demonstrar que tem fibra para depois conquistar o País. Custa assim tanto?

Credibilidade

Guilherme Diaz-Bérrio, 29.01.10

 

Teixeira dos Santos: “Merecemos o benefício da dúvida”

 

I Online

 

Desculpe...importa-se de repetir?

 

A redução do défice orçamental prevista para este ano, de 9,3% do produto interno bruto (PIB) para 8,3%, tem um truque. O governo reembolsou quase 422 milhões de euros em IVA, o que terá ampliado excessivamente a receita de 2009, acabando por empolar o défice e dar maior contraste à consolidação orçamental prevista para este ano. 

(...)

João Duque, professor do ISEG, disse à Lusa suspeitar que "há aqui um empolamento porque as contas não batem certo". "O valor de 9,3% é forçado para que apareça uma redução para 8,3%." Segundo o economista, o OE "falha porque não dá um sentido de viragem claro" e "vai desiludir a opinião do mercado internacional".

 

I Online

 

Eu bem me parecia que tinha um problema existencial qualquer em dar o benificio da dúvida ao sr. Ministro. E não sei porquê, acho que os mercados internacionais também têm a mesma dúvida...

E RANGEL AÍ ESTÁ ...

João Lemos Esteves, 29.01.10

 
Escrevi aqui no Psicolaranja no último fim de semana, que a presença de Aguiar Branco na apresentação do livro de Passos Coelho não era politicamente irrelevante. Com a agravante de o actual líder parlamentar do PSD ter qualificado Passos Coelho como um “bom candidato”. Recebi muitas críticas no sentido de que fizera uma interpretação errada – Aguiar Branco foi elogiar Passos Coelho a uma sessão de propaganda pessoal (não institucional, saliento) para dar a ideia de que é capaz de construir um clima de unidade no partido. Com o devido respeito, esta interpretação não me parece minimamente adequada – se assim fosse, Aguiar-Branco seria um kamikaze político. Ele que não é propriamente um “líder natural”, que não é conhecido pelas suas qualidades oratórias, que não tem capacidade para cativar e explicar os méritos das suas opções, que –ainda por cima – está conotado com a actual direcção e é co-autor da opção de excluir Passos Coelho das listas das últimas legislativas, vinha agora em vésperas de enfrentar Coelho, elogiá-lo. Aguiar Branco que pelo seu perfil já seria um candidato fraco, com tal gesto ditava a sentença da sua derrota. A realidade é esta: Aguiar Branco só poderia ter a ambição de ganhar a Passos Coelho se apostasse numa estratégia de demarcação de ideias, de perfil, de experiência – e o confrontasse sem receios, nem calculismos. A mensagem que Aguiar Branco quis deixar foi “estou fora, podes contar comigo na liderança do grupo parlamentar”. E tudo isto porquê? Porque estou cada vez mais convicto de que se vai verificar o “ Factor Rangel”.
Há muito que Rangel tem a batata quente nas mãos. O que vai suceder nos próximos dias/semanas na vida interna do PSD vai ser determinado pela opção que Rangel tomar. Daí a agitação das distritais, na sua grande maioria, apoiantes de Passos Coelhos (até algumas que se assumiam anti-coelhistas viraram agora sem que ninguém saiba porquê, vide o exemplo de Aveiro, terá sido a influência de Couto dos Santos? ). É que a candidatura de Passos Coelho não tem entusiasmado, mobilizado os militantes de base do partido. Passos tem o aparelho: não é nenhuma surpresa, visto que Miguel Relvas tem trabalhado arduamente e com mérito neste particular. Mas não tem o apoio de uma “maioria silenciosa”  de militantes que publicamente não o criticam, rejeitando, no entanto, embarcar na “onda mediática pós-Passos”. Quanto mais prolongada for no tempo a marcação das directas, mais perde Passos Coelho, que se desgasta cada vez que fala, enredado nas suas contradições, incoerências e falta de um pensameto estratégico. Dominar o marketing não chega.
Perante esta conjuntura, o avanço de Rangel é um piano enorme que cai em cima de Passos. Excluindo Marcelo Rebelo de Sousa, Rangel é o melhor candidato da ala que não apoia o até agora único candidato à liderança. Porque  acumulou um significativo capital político com a sua vitória nas europeias. Porque é bom orador – Passos Coelho ao querer ser tão metódico na gestão da imagem perdeu a espontaneidade e a vivacidade de outrora, tornando-se monótono. Porque Rangel tem um conhecimento de várias da governação, desde a Justiça e até passando pela economia e juventude – ao contrário de Passos que , fazendo campnha há dois anos e lançando um livro, não deixou uma ideia que fique sobre alguma área da vida do país. A única que gerou discussão – a privatização da CGD – a realidade já demonstrou o seu mérito e o próprio proponente já a abandonou...
Outra questão é saber se a forma como Rangel se apresenta é a melhor, nomeadamente, a notícia de hoje do SOL  é-lhe favorável ou não? E qual o melhor timing para Rangel avançar oficialmente? Deixarei as respostas para o meu próximo post.

Vira o disco e toca o mesmo... (versão ...já perdi a conta)

Guilherme Diaz-Bérrio, 28.01.10

 

 

Até tinha acordado bem disposto. Estava frio mas... sol. E eu, como qualquer idiota que nasça em Agosto, gosto de Sol. Com ou sem frio. 

 

Bem disposto, achei - se o arrependimento matasse! - que seria interessante ver o OE 2010. Pensei eu: "Não pode ser assim tão mau...". Lá dizia a minha avó, "A pensar morreu o burro, meu filho".

 

732 Páginas de Orçamento. Deve haver um indicador sobre a correlação entre o tamanho do "bicho" e o valor do deficit! Decidi saltar a "palha" e ir ao essencial: página 361, Anexo 2, Receitas e Despesas das Administrações Públicas numa Óptica de Contabilidade Nacional.

 

Vou-vos poupar à palha "financeira" - e aos meus pensamentos enquanto lia... estamos num blog sério! - e vamos ao essencial:

Receitas totais: 67,3 mil milhões de euros. Despesas Totais sem juros (é favor notar o bold e sublinhado!): 75 mil milhões de euros. Ou seja, sem juros (!!!!!) já estamos a dever 8,7 mil milhões de euros. Depois pedimos emprestados outros 5 mil milhões para pagar os juros da dívida pública actual e voilá, temos o deficit actual de 8,3% do PIB.

 

Posto de outra forma... estamos a pedir dinheiro emprestado para pagar juros do dinheiro que já tinhamos pedido emprestado (!?). Sou eu o único a achar que isto é uma boa receita... para o desastre?

 

E para todos os que me vão dizer "O problema é as receitas... estamos em crise" aqui vai,

receitas correntes: 2005 - 60 mil milhões, 2006 - 61.5 mil milhões, 2007 - 65 mil milhões! Portanto, não me venham com o argumento "temos deficit porque as receitas diminuiram com a crise financeira internacional, porque não havia crise em 2005 e 2006 e ela não se fez sentir, fiscalmente, em 2007! Fonte? DIRECÇÃO GERAL DO ORÇAMENTO!

 

E o conjunto de barbaridades continua ao longo dos anexos: 1 em cada 4 euros de despesa são salários da função pública, a uma média per capita (por funcionário público) de 1490 euros/mês. São só 19 mil milhões de euros em salários! E não me ponham a falar da segurança social. Essa, mete mesmo medo ver a demonstração de resultados.

 

Alguns recados:

PS - A gerência agradecia que parassem de mandar o país ainda mais à falência com um Orçamento que vive à base de um esquema em pirâmide (pagar juros com dívida não funciona!)

 

PSD - Foi para isto que tivemos a negociar? É este o compromisso de "redução da trajectória de dívida pública"? Num Orçamento em que um terço do deficit corrente é juros?!

 

CDS - Longe de mim não defender privatizações! Para mim ia tudo: CGD, TAP, ANA, RTP... não faz sentido! Agora, ganhem juizo: privatizar para controlar as finanças públicas é autismo financeiro, porque não resolve o problema subjacente que alimenta a dívida pública: Despesas Correntes acima das Receitas Correntes!

 

Exmos. Deputados Excelsos representantes da...erm..."nação" - É preciso um Néon!? Ainda não entenderam que somos o país mais fragil da Zona Euro a seguir à Grécia, no que diz respeito às finanças públicas, e que temos um problema de poupança e competitividade pior que o Espanhol que alimenta o deficit externo? Ou vamos continuar a tocar a música enquanto o barco afunda?

 

Andamos a brincar com coisas muito sérias...e só me sobra uma pergunta, referente a destinos para emigrar: sugestões?

PsicoConvidado: David Silva

PsicoConvidado, 27.01.10

 

Quando me convidaram para escrever para o Psicolaranja (blogue que acompanho todos os dias embora nem sempre comente), aceitei de bom grado mas avisei logo que seria sobre a minha especialidade e paixão: o Ambiente. E claro, falar de Ambiente é falar de Alterações Climáticas.

 

Infelizmente, o combate às alterações climáticas não é uma prioridade do Ministério do Ambiente. O plano Nacional contra as Alterações Climáticas (PNAC) tem boas medidas mas que são muito mal aplicadas no terreno ou às vezes nem isso. Portugal não está a cumprir os objectivos de Quioto, e se os chegar a atingir em 2012 será devido ao abrandamento económico dos principais sectores poluidores nacionais, ao investimento privado em energia eólica e á compra de emissões através do mecanismo de desenvolvimento limpo, não a politicas internas.

 

Assim é fulcral encontrarmos uma nova política de Alterações climáticas. E deve passar essencialmente por três parâmetros.

O primeiro será certamente a mitigação das causas do aumento do efeito de estufa, ou seja, a redução dos níveis de CO2 equivalente. Relativamente a esta questão, deverá ser revisto o PNAC de modo a aumentar-se a aplicabilidade das suas medidas, ou seja, prever uma maior regulação dos níveis de emissão através do mercado de emissões, dar prioridade á microgeração e principalmente á eficiência energética (O PNAEE deve ser dinamizado, visto que a sua aplicação está a ser extremamente lenta e ineficaz). Mas Portugal é um contribuidor muito baixo de CO2 para a contabilização global, pelo que as políticas públicas devem-se focar sobretudo no segundo parâmetro: a Adaptação.

 

Portugal será seguramente o país da União Europeia que mais sofrerá com as alterações climática, nomeadamente com a redução do stress hídrico e a erosão das costas e zonas litorais. Assim deve-se ter em conta o factor de adaptação, nomeadamente através de um plano nacional contra a desertificação eficiente (O PANCD actual é um fracasso), do investimento em equipamentos de produção de água potável, como as salinizadoras, de estratégias efectivas de recuperação de áreas ardidas e de criação de um fundo de auxílio climático, que tenha em conta outliers possíveis derivados das Alterações Climáticas (caso da onda de calor de 2003).

 

Por fim, o terceiro parâmetro deverá ser o desenvolvimento, ou seja, uma economia sustentável ambientalmente que não sacrifique as condições de crescimento futuras em prol das actuais. Nesta área recomendo o Relatório Stern, que nos apresenta uma previsão de investimento de 2% do PIB mundial em políticas de combate às alterações climáticas contra os 20% do PIB mundial que será necessário para mitigar os efeitos da inacção. Será fulcral então a elaboração de uma estratégia de sensibilização e educação ambiental a nível nacional e no sistema educativo, a aplicação do mecanismo de desenvolvimento limpo às empresas e autarquias, o incentivo fiscal com base no princípio poluidor-pagador, o estimulo á concorrência na produção de electricidade e energia renovável e uma maior dinamização do mercado de carbono através do fundo português de carbono.

 

Estas são algumas das minhas propostas. Julgo que se pode fazer muito mais no Ambiente, e é possível desenvolver Portugal de um modo sustentável. Infelizmente o que falta não são ideias, mas sim vontade politica, e esta ministra do Ambiente (que eu reconheço competência na área dos resíduos) é disso exemplo, pois não tem nem a capacidade de enfrentar certos interesses instalados, nem de reforçar o papel do ministério do Ambiente no plano nacional. Todos sabemos que é uma pessoa facilmente moldável nas mãos de José Sócrates, que já demonstrou que o Ambiente nunca foi prioridade para o PS.

 

Bem, este “plano” levantará certamente outras questões, nomeadamente em relação á energia nuclear, á questão de um imposto verde, da privatização da água etc… E claro, sobre todos estes temas eu sou um entusiasta, pelo que se um dia quiserem o meu contributo no Psicolaranja estou mais que disponível.

 

Entretanto fico-me apenas por um apelo: que a discussão politica não se reduza apenas às questões do estado e da economia, e que nós enquanto JSD saibamos que a defesa do Ambiente não é apenas uma causa mas sim uma necessidade, e que deve ser posta no cerne das nossas acções. Tal como só temos um planeta, só temos um país, e merece ser preservado!

 

PsicoConvidado David Silva

 

UM POUCO MAIS DE SOL...

João Lemos Esteves, 27.01.10

Confesso que não gosto particularmente de fazer aqui copy e paste de notícias de jornais ou de textos de outros blogs. Todavia, a particular lucidez e a relevância do texto de Raquel Abecassis, jornalista da Rádio Renascença, justificam que abra uma excepção. As seguintes afirmações merecem uma leitura atenta e uma meditação profunda da sua parte,caro amigo seguidor do Psicolaranja:

 

´" estranhamente, em Pedro Passos Coelho, até a confiança parece de plástico: o livro que serve de lançamento da sua campanha copia a ideia que levou Obama à presidência dos Estados Unidos. Só que, nem no livro nem no seu discurso, encontramos algo que possa galvanizar o partido fundado por Sá Carneiro.

A Passos Coelho parece não faltar nada, mas apetece citar Mário de Sá Carneiro: Um pouco mais de sol — eu era brasa./Um pouco mais de azul — eu era além./Para atingir, faltou-me um golpe de asa.../Se ao menos eu permanecesse aquém" .

 

Descrição sucinta e certeira. Impressiva. E eloquente...Tão verdadeira - acrescento eu!

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